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quinta-feira, março 28, 2024

Agricultores familiares são treinados para cultivar e beneficiar o cubiu

A atividade compartilhou conhecimento com os agricultores sobre formas alternativas de cultivo, adubação, manejo, técnicas agroecológicas e processamento do fruto. Com o cubiu, a agricultoras fizeram suco, massa para pão, geleia, doces, tucupi e “molho de tomate”

Capacitar agricultores familiares para que possam ter renda com o cubiu, um fruto nativo da Amazônia de sabor e aromas agradáveis, rico fibras e vitamina C. Este foi o objetivo da capacitação que o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) realizou em parceria com o Movimento Slow Food com 17 produtores rurais da comunidade Raio de Sol, situada no ramal Pau Rosa, no Km 21 da BR-174. A comunidade é conhecida pelo cultivo em abundância da fruta.

A ação é uma das atividades que acontecem ao longo do mês de maio pelo movimento Slow Food, parceiro do Inpa, e foi realizada na última quarta-feira (24), na instituição de pesquisa. A atividade serviu para compartilhar com as agricultoras formas alternativas de cultivo de cubiu, adubação, manejo e outras técnicas agroecológicas e de boas práticas na manipulação de alimentos. A finalidade é ter um alimento de qualidade e orgânico.

Segundo a instrutora vegana, responsável pela parte de processamento do cubiu, Diely Sampaio, iniciativas como essas são enriquecedoras. Ela fez junto com o grupo receitas práticas, saudáveis e saborosas à base do cubiu. “A comunidade já tem todo um potencial e agora com o conhecimento técnico e gastronômico pode ampliar e disseminar essas práticas”, diz.

A comunidade Raio de Sol é composta por 70 famílias ligadas diretamente com a agricultura familiar e é a pioneira na região Norte na plantação do cubiu. Fruto amazônico pertence à família Solanaceae, o cubiu é parente do tomate, pimentão, berinjela e jiló.

“Antes, nós apenas consumíamos a fruta, depois começamos a plantar, mas mesmo assim não sabíamos do potencial do cubiu. Hoje, sabemos”, diz a presidente da comunidade rural, a agricultora Heloísa Soares. “Vamos sair daqui com outra ideia e com vontade de progredir, porque progresso é renda, e quem planta colhe. Quem planta cubiu, então, melhor ainda”, brinca a agricultora.

Durante a capacitação foram preparadas receitas variadas, desde o suco do cubiu à elaboração da massa de pão feito com a casca da fruta. Geleias, tucupi, doces em calda e “molho de tomate”, também foram produzidos pelos participantes.

A capacitação faz parte do projeto “Alimentos bons, limpos e justos: ampliação e qualificação da participação da Agricultura Familiar brasileira no movimento Slow Food”, que está sob a coordenação na região Norte da pesquisadora do Inpa, a nutricionista Dionísia Nagahama. O projeto é financiado pelo antigo MDA, atualmente Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrária (Sead), e coordenado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O treinamento de boas práticas agrícolas foi dado por José Nilton do Grupo Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos Amazônicos (Nerua) do Inpa e por Domingos Barros do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifam, Campus Zona Leste).
Neste domingo (28), o movimento Slow Food prossegue com as atividades na comunidade Raio de Sol com o fechamento do Protocolo de Produção de Cubiu, a entrega de certificado da Fortaleza do Cubiu e o plantio de uma horta agroecológica.

Sobre o Slow Food

O movimento Slow Food, iniciado na Itália, na década de 80, é um projeto social que atua pelo resgate da cultura alimentar. Sob o slogan do alimento bom, limpo e justo, o alimento tem que ser bom tanto na questão nutricional quanto no sabor. Tem que ser limpo pela forma de produção agroecológica – aí entram as boas práticas agrícolas. E com um preço justo para o agricultor e para o consumidor.

No Brasil, chegou nos anos 2000 pela alta gastronomia, mas nos últimos anos teve o envolvimento mais forte da agricultura familiar. Em Manaus, o Slow Food começou por volta de 2007, onde as pessoas se encontravam para degustar uma boa comida. O resgate do movimento veio em 2016. Está presente em mais de 160 países.

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