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quinta-feira, março 28, 2024

Fundação Alfredo da Matta tem programação especial alusiva ao Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase

Com uma programação de caráter educativo, a Fundação Alfredo da Matta (Fuam), vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), inicia nesta quinta-feira (22), a semana de mobilização pelo Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, celebrado no último domingo do mês de janeiro (este ano, dia 25). Dentre as atividades previstas para este período de mobilização que vai até o dia 30, destacam-se as palestras nas salas de espera dos pacientes, com orientações sobre sinais, sintomas e tratamento da hanseníase; exibição de vídeos educativos; distribuição de cartilhas informativas; dramatizações e, principalmente, o incentivo ao exame periódico de pele, que pode ser realizado em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS).

O diretor-presidente da Fuam, Helder Cavalcante, destaca que o objetivo da campanha é chamar a atenção da população sobre esta doença que, em 2014, registrou 489 casos novos no Estado do Amazonas.

Entre 1989 e 2014, o Amazonas registrou uma queda de 81,8% no coeficiente de detecção geral da Hanseníase, de acordo com a série histórica de acompanhamento da doença. “Mesmo assim, a Hanseníase ainda é uma doença muito importante em nossa região e os esforços para continuar ampliando e descentralizando o diagnóstico e tratamento dessa enfermidade são permanentes”, disse o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim. “A Hanseníase é uma doença grave, mas que tem cura e tanto o diagnóstico quanto o tratamento estão disponíveis na rede pública”, destacou o secretário.

A mobilização programada pela Fuam pretende alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce da Hanseníase, através de exames de pele, que são realizados de forma rotineira pela rede básica de saúde. “Muitas pessoas não sabem que podem fazer este exame também nas Unidades Básicas de Saúde, as UBSs. Pensam que apenas a Fundação Alfredo da Matta é que oferta o serviço. Mas nas UBSs há profissionais capacitados para a realização de exames dermatológicos”, explica Valderiza Pedrosa, chefe do Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia da unidade.

“Queremos fazer este alerta para a população para que fique atenta e procure qualquer unidade mais próxima de sua residência, sempre que notar uma mancha ou alteração na pele”, frisou Valderiza. Os casos suspeitos da doença são encaminhados para a Fuam, que é centro de referência no tratamento da Hanseníase.

Ações – A mobilização pelo Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase marca o início das ações programadas pela Fuam para este ano, para fortalecer o combate à doença. Estas ações serão intensificadas, especialmente, para ampliar a busca por novos casos da hanseníase na capital e no interior, assegurando o início imediato do tratamento.

Dentre as estratégias, Valderiza destaca o monitoramento entre estudantes da rede pública de ensino, com ações nas escolas municipais e estaduais; além do monitoramento nos municípios do interior do Estado, que incluem ações como capacitação de profissionais de saúde, mutirões de exames para a população, visita aos municípios e desenvolvimento de ações estratégias para o combate à doença, específicas para cada localidade.

“A preocupação com os escolares se deve ao número de casos da doença entre menores de 15 anos: em 2014 foram 57 casos novos, número considerado alto. Como ações no interior, visitamos, em média, de 30 a 35 municípios por ano, priorizando aqueles com situação epidemiológica que mereçam maior atenção. Neste ano, não será diferente e vamos continuar as ações, com a meta de superar a quantidade de localidades visitadas”, destaca Valderiza.

Vencendo preconceitos – Natural do município de Carauari (702 quilômetros distante de Manaus), o estudante Ian da Silva (18) recebeu o diagnóstico de Hanseníase há cerca de 6 anos. No início dos sintomas, achou que se tratava de uma doença de pele sem gravidade e passou a tratá-la em casa. “Apareceram umas manchas em minhas mãos e nos pés, mas minha família achou que se tratava de uma alergia comum e usei umas pomadas. Com o tempo, meus membros foram aos poucos atrofiando, sentia dificuldade em manusear objetos e andar. Então, me levaram ao médico, lá mesmo no meu município e foi diagnosticado Hanseníase”, conta o rapaz.

O preconceito foi um dos desafios que Ian teve que enfrentar. “As pessoas que conviviam comigo na escola achavam que se tocassem em mim iriam pegar a doença. Fiquei por muito tempo cabisbaixo, sem autoestima. Graças a Deus minha família sempre esteve do meu lado”.

Ian começou o tratamento em Carauari, e depois iniciou o acompanhamento na Fundação Alfredo da Matta, em Manaus, onde foi submetido a novos exames e passou a receber tratamento com profissionais de fisioterapia, essencial para os pacientes que desenvolvem dificuldades motoras, como consequência da doença. “Após os novos medicamentos e procedimentos, minhas mãos e pés foram aos poucos voltando ao normal. Hoje, consigo executar as coisas que fazia antes, graças a sessões de fisioterapia da Fundação. Continuo com o acompanhamento e já estou praticamente curado”.

Sinais e sintomas – A Hanseníase é uma doença infecciosa transmitida por um bacilo (Mycobacterium leprae), atingindo principalmente pele e nervos de extremidades do corpo, como em braços, pernas e pescoço. A doença passa de uma pessoa sem tratamento para outra, através das vias respiratórias e quando estas mantêm contato direto e frequente. A maioria da população adulta é resistente à Hanseníase. Vale ressaltar que a partir do momento que uma pessoa diagnosticada com Hanseníase inicia o tratamento com medicamentos, ela não mais transmite a doença.

A Hanseníase tem cura e o tratamento, que é gratuito dura de 6 meses a 1 ano, dependendo da forma que acomete o doente. Quanto mais cedo acontece o diagnóstico e o início do tratamento, melhor será sua resposta, evitando possíveis sequelas e quebrando a cadeia de transmissão da doença.

Outra medida importante é o acompanhamento dos chamados “contatos”. Ou seja, o acompanhamento das pessoas que mantenham contato íntimo e prolongado com a pessoa doente (normalmente seus familiares). Na Fuam, familiares e todos os contatos de um paciente com Hanseníase têm prioridade no atendimento e podem fazer regularmente acompanhamento com os especialistas.

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